Como falamos no post anterior, não achamos Puno lá grandes coisas, mas é ponto de parada obrigatório para quem quer conhecer o Lago Titicaca pelo lado do Peru. E, sem dúvida, esse passeio é IMPERDÍVEL!
Nós fechamos o tour diretamente com o hotel no dia anterior. Pagamos 50 soles por pessoa para o tour de um dia passando pelas ilhas Uros e Taquile, com guia e almoço incluídos. As crianças pagaram metade, mas com apenas um almoço, e tivemos que pagar mais 20/s. no local por mais uma refeição. Existem outras opções de tours pelo lago Titicaca: de metade do dia, passando apenas pelas ilhas flutuantes; ou de mais de um dia, dormindo nas casas de moradores e seguindo no dia seguinte para a ilha Amantani. Para quem está com crianças, uma das duas primeiras opções é uma boa pedida e, em qualquer que seja, não se deve esquecer o protetor solar, água e um lanche para os pequenos.
Uma van nos buscou na porta do hotel às 6:50 e nos levou para o cais, passando por outros hotéis no caminho para pegar mais turistas. Depois fomos apresentados ao guia e levados para o nosso barco. Ficam vários barcos, um ao lado do outro.
O barco era até bem confortável, mas o cheirinho não estava muito agradável. As poltronas são reclináveis e havia um banheiro (segundo o guia, não são todos os barcos que possuem banheiro). Não cheguei a usar, mas o marido levou as crianças e disse que é um vaso sem descarga e nada limpo. Mas para uma necessidade… principalmente para os homens…
Pode-se ir na parte de cima do barco, que é aberta e tem apenas uns banquinhos, mas que oferece uma vista maravilhosa do lago. Entretanto, essa área só foi liberada depois que o barco se afastou de Puno, pois, segundo o guia, existe uma proibição e o descumprimento acarreta multa. Depois, todos os passageiros acabam subindo, mas só 8 de cada vez. Como o frio era intenso, ninguém conseguia ficar muito tempo mesmo.
O Lago Titicaca é o lago mais alto do mundo, a uma altitude de 3.800 metros. Tem uma área total de 8500km2, dos quais 60% pertencem ao Peru e 40%, à Bolívia. Cerca de 25 rios alimentam o lago Titicaca, que na parte mais profunda chega a ter 300 metros de profundidade, mas nas áreas onde há totora não passa de 1 ou 2 metros.
A totora é uma planta muito comum no lago e também de extrema importância porque tem minerais, entre eles o iodo que filtra a água do lago. Ela é ainda mais importante para o povo aymaras, que a usam para praticamente tudo, como alimentação (a extremidade da totora, uma parte branca, é comestível), artesanato, remédio (a flor da totora é usada para fazer chá), fertilizante e até para construção de casas e das ilhas flutuantes. No lago Titicaca existem 80 ilhas de totora, as ilhas flutuantes.
Levamos cerca de uma hora e meia de Puno até a parada numa ilha Uros, onde descemos. Mas são visitadas diferentes ilhas flutuantes nos diferentes tours, de forma que esse tempo vai variar. Durante esse período de deslocamento, as crianças ficaram entretidas com diferentes atividades:
É super estranho pisar na ilha flutuante. Não é um piso firme, duro, mas sim fofo e maleável, como um colchão d’água.
Primeiro, há uma apresentação sobre a cultura do povo local, sobre a construção das ilhas flutuantes e outras curiosidades. Acredita-se que o povo aymaras tenha se originado do Caribe e, inicialmente, morava em barcos feitos de totora; só depois que passou a construir as ilhas flutuantes. São usadas as raízes da totora, que flutuam, junto com madeira e amarradas com corda sintética. Depois, cobrem tudo com totora e ancoram no fundo do lago para fixar. Na ilha que visitamos, moravam 10 famílias. A principal atividade local é o turismo, seguido pela pesca e pelo artesanato.
Depois fizemos um rápido passeio em um barco de totora, o qual é opcional e não está incluído no valor pago pelo tour (10/s. por pessoa, cobraram metade das crianças). É super interessante!!
Fomos convidados por uma morada para conhecer o interior de sua casa. É impressionante como alguém consegue dormir naquele local. Baixa, escura, abafada, CHEIA de mosquito e com um cheiro não muito legal. E a senhora ainda resolveu nos mostrar seu artesanato ali dentro, quando eu já estava me sentindo meio mal naquele ambiente apertado (tendência à claustrofobia). Acabamos compramos um barquinho feito de totora, e nem foi apenas para sair logo da casa, mas porque realmente era muito lindo.
Na ilha flutuante, permanecemos por cerca de 1 hora e voltamos para o barco para seguir a viagem para a ilha Taquile, mais 1 hora e meia de distância de onde estávamos.
Diferente da ilha Uros, a ilha Taquile já é uma ilha natural. Nós chegamos pela parte posterior da ilha, onde tem um pequeno deck. Para quem não conseguiu usar o banheiro no barco, ali tem opção, mas paga-se 1 sol e também não é lá grande coisa. Nem descarga tem…
E aí começou meu sufoco. Acontece que a praça principal da ilha fica lááááá em cima, então toma-lhe subir ladeira. Com o pouco oxigênio disponível ao redor, somada ao “super” condicionamento físico, pensei que nunca iria conseguir chegar ao topo. A subida por esse lado da ilha é de ladeira, mas nem todos os tours fazem esse trajeto. Alguns chegam pelo outro lado, por onde nós descemos, que é todo de degraus, ou muros, sei lá como chamar aquilo. Graças a Deus que na escada eu estava descendo, porque, supostamente, descer todo santo ajuda. Embora ali não tenha sentido muita ajuda não…
Agora vai ter quem esteja pensando: mas e as crianças??? As crianças, eu respondo, deram as mãos pro pai, porque a mãe estava indo muito devagar, e me deixaram comendo poeira.
Devagar e sempre, seguindo a lei de subir como um idoso e chegar como uma criança (na verdade, cheguei quase enterrada, mas tudo bem), fui seguindo rumo ao topo. A paisagem era compensadora e parar para tirar foto era mais que uma desculpa para dar aquela boa descansada (só não sei porque minha máquina está cheeeeia de fotos praticamente iguais).
Teoricamente, esse percurso de subida levaria, segundo o guia, uns 20 minutos. Nem sei quanto tempo levei, mas sei que uma hora eu cheguei. Na praça, o grupo fica por 30 minutos (só tive tempo de fazer meu pulmão lembrar como era a presença do oxigênio e de tirar umas fotos rapidinho) e já seguimos para o restaurante, que é mais uma caminhada pela ilha, mas agora um pouco mais plano.
O restaurante ficava num local privilegiado, com uma vista simplesmente incrível do azul resplandecente do lago Titicaca.
O almoço era simples, comida caseira, mas muito gostoso. De entrada, serviram uma sopa com pãozinho. De prato principal, podia-se optar por peixe ou omelete. Os dois estavam muito bons, mas preferimos o peixe. A bebida não estava incluída, exceto o chá de coca.
Depois da refeição com uma paisagem única, era hora de voltar para o barco. E sério, depois dessa descida, comecei a questionar a história do “para baixo todo santo ajuda”. Mais de 500 degraus me separavam da minha poltroninha no barco. O problema era que não eram simples degraus, alguns mais pareciam muros de tão altos. E lá fui eu. Sozinha, claro, porque os meninos foram embora com o pai (e confesso que agradeci por isso). Do meio do caminho para frente já não sentia mais minhas pernas. Elas tremiam involuntariamente e até esqueci da falta que o oxigênio fazia. Mas devagar e sempre, cheguei na minha aguardada poltrona. Claro que a musculatura sedentária passou uns dias reclamando depois disso.
Na volta para Puno, mais 2h de viagem, os meninos foram praticamente todo percurso dormindo. Pelo jeito, não fui só eu que tive uma canseira na ilha Taquile, né? Chegamos a Puno umas 17:30, e a van estava aguardando para nos levar de volta ao hotel.
Sem dúvida, apesar de todo esforço, que para quem não está acostumado não é tão leve (mas havia pessoas de todas as idades, de crianças a idosos. Basta cada um ir no seu ritmo), o tour pelo lago Titicaca com a visita às duas ilhas, a Uros e a Taquile, é mais que recomendado. É uma daquelas experiências únicas, que fica marcada na memória pela vida toda. As crianças adoraram, vivenciaram culturas diferentes, tiveram experiências únicas, se deslumbraram com paisagens incríveis e curtiram cada segundo de exploração. Com ou sem criança, todos deveriam viver isso.
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