Saímos do Museu Santuários Andinos e seguimos direto para o Monastério de Santa Catalina. Os meninos reclamaram um pouco que estavam cansados depois de já terem visitado um museu, mas quando chegaram ao Monastério acabaram curtindo porque ficaram envolvidos com as coisas antigas, como a cozinha das casas, o filtro, a lavanderia. Viram muitas coisas diferentes e compararam com os dias atuais. Foi enriquecedor para eles.
Eu já havia lido que o melhor horário para visitar o Monastério era no fim de tarde, e foi o que fizemos. É bom deixar ao menos umas duas horas para esse passeio, porque o Monastério é enorme, uma verdadeira cidade dentro de Arequipa. Está localizado pertinho da Plaza de Armas, na Calle Santa Catalina, 301. A entrada custa 20 soles, e crianças menores de 7 anos não pagam.
Logo depois da entrada ficam alguns guias que cobram 35 soles para toda a família. Não é obrigatório fazer o passeio com guia e são entregues mapas com os pontos interessantes para conhecer. Nós optamos por pagar o guia, e não nos arrependemos. Com certeza passaríamos batidos em inúmeras coisas se estivéssemos sozinhos, além de que ficamos sabendo diversas informações sobre como era o funcionamento do Monastério. Recomendamos a visita guiada, que dura cerca de 1 hora, e depois pode-se permanecer dentro do Monastério o tempo que desejar e, de repente, retornar em algum ponto para mais uma foto, por exemplo.
A fundação do Monastério ocorreu em 1579, menos de 40 anos após a chegada dos espanhóis a Arequipa. Foi construído de silhar, uma pedra polida. Na arquitetura, misturam-se elementos espanhóis e nativos. Das construções originais do século XVI nada sobrou devido aos terremotos de 1958 e 1960 que desolaram a cidade. As construções mais antigas ainda de pé datam do século XVIII. Foram feitas restaurações e o Monastério foi aberto ao público em agosto de 1970.
O tour começou pelo Parlatório, bem ao lado da entrada principal. Esse era o local onde as freiras recebiam as visitas e as cartas dos familiares. Como as freiras viviam em clausura e nunca mais retornavam aos seus lares, não havia contato com a família. Nesse local, elas apenas podiam conversar através de uma parede e não eram sequer vistas. Era só o som da voz. Nossa!
Depois passamos pela Sala de Trabalho, onde as freiras faziam arte e teciam roupas.
O Claustro da Noviças era onde ficavam as jovens por 4 anos antes de se tornarem freiras. Em volta de um belo pátio, ficavam os quartos, simples e isolados. Toda segunda filha mulher das famílias ricas estavam destinadas a se tornarem freiras. Era um orgulho para a família frente à sociedade. Se a menina se recusasse, era vergonhoso, uma desonra para toda a família. Para isso, quando a menina atingia 12 a 14 anos, os pais tinham que fazer uma doação, como um dote, ao Monastério. Logo, era preciso ter alguma posse para ser freira. Esse dote podia ser ouro, animais, terras, serviços.
Passamos também por algumas casas das freiras. O Monastério possui várias “ruas” onde ficam essas casas.
Antes da reforma da Igreja Católica, no século XIX, as freiras viviam em aposentos individuais, cujo tamanho era proporcional ao dote oferecido. As de famílias menos ricas, tinham casas menores e usavam véu branco. Sendo que apenas as freiras de véu negro tinham a chance de ser um dia a Madre Superiora. As casas das freiras tinham dormitório, uma cozinha própria e um pequeno quarto da serviçal.
Uma curiosidade: durante um tempo, as mulheres casadas, mesmo já com filhos, ou as viúvas, podiam também se tornar freiras, dependendo do valor do dote ou da permissão do marido, no caso das casadas.
Depois da reforma católica, as freiras tiveram que ficar sem suas servas e passaram a dormir em alojamentos conjuntos. Tinham que fazer suas comidas em cozinhas comunitárias do Monastério e comiam todas juntas.
Outra curiosidade: era comum as famílias de classe alta de Arequipa colocarem suas filhas, a partir dos 5 anos, num internato no Monastério, onde permaneciam até por volta dos 14 anos, mas não para serem freiras, e sim para prepará-las para o casamento.
Atualmente, vinte freiras vivem numa área separada dentro do Monastério. Elas fazem artesanato e algumas comidas que são vendidas aos turistas. Podem sair ocasionalmente, não vivendo mais em total reclusão, e é possível encontrá-las todos os dias nas missas da Igreja do Monastério às 7h.
No Monastério viveu Sor Ana de los Angeles Monteagudo, que foi madre superiora, sendo beatificada pelo Papa Juan Pablo II em 1985. Visitamos a sua cela com os seus utensílios e móveis.
Dentro do Monastério é possível encontrar algumas lanchonetes e banheiros, além de lojinhas com souvenirs e artigos religiosos. O local é muito bem cuidado e silencioso, apesar da quantidade de turistas.
Como eu disse, as crianças curtiram quando começaram a ver coisas diferentes do que estavam acostumadas atualmente, uma época onde a tecnologia domina desde o nascimento. O Matheus ficou super intrigado com um filtro cuja água era filtrada na pedra. Na outra extremidade, a água parecia brotar da pedra e pingava numa vasilha colocada no chão. Segundo a guia, aquela água estaria própria para o consumo, pois as impurezas ficariam na pedra. Não provei para confirmar. 🙂
Outra coisa que chamou a atenção dos meninos foram as cozinhas e os fornos. Eles adoraram saber como se cozinhava ali.
E mais um ponto que atiçou a curiosidade dos pequenos foi a lavanderia, onde a água corria por um caminho central e era desviada para algumas pedras onde as freiras lavavam suas roupas.
Sem dúvida, foi mais um passeio enriquecedor e super recomendado.

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