No post anterior falamos da logística de chegada a Machu Picchu e agora vamos falar especificamente sobre a Cidade Mágica dos Incas.
No instante em que descemos do ônibus na entrada de Machu Picchu, vários guias nos abordaram oferecendo o tour. Nós deixamos de fechar o tour com a agência que fizemos os passeios pelo Vale Sagrado e por Cusco, pois nos cobraram 20 Soles por pessoa e achamos caro. Pensamos que na hora seria mais barato. A verdade é que vale a pena deixar logo acertado o guia. Primeiro, porque conhecer Machu Picchu sozinho não é a mesma coisa que ter uma pessoa contando a história daquele lugar. A visita fica muito mais enriquecedora e atraente ouvindo as belas histórias contadas pelos guias profissionais. Segundo, porque você não perde tempo na chegada já que o preço é o mesmo que se tivesse fechado com antecedência e, quando chegasse, já teria um guia te esperando para começar o passeio. Para fechar na hora, se quiser um guia particular apenas para seu grupo, ele vai cobrar 100 Soles pelo grupo. Caso contrário, vai ter que esperar o guia formar um grupo de no mínimo 6 pessoas para começar o tour. E isso pode demorar. Foi o que aconteceu conosco. Ficamos um bom tempo esperando. E nesse caso, o valor fica 20 soles por pessoa, igual ao que agência queria cobrar. As crianças não pagam.
Nessa área externa há um restaurante, banheiros (onde cobra-se 1 sol para uso), guarda-volumes (custa 5 soles), lanchonete com área para sentar, e lojinhas. Os preços da lanchonete são bem caros, mas é uma opção.
Nós levamos água e biscoito pros meninos. Teoricamente, não pode entrar em Machu Picchu com alimentos, apesar de que não revistaram as nossas mochilas e, como não sabíamos se teria onde comprar algo pros meninos comerem, tínhamos lanche para eles na bolsa. Essa era uma dúvida que eu tinha sobre a visita a Machu Picchu com crianças: como seria o ponto de apoio no local. E agora posso dizer que é tranquilo. Antes eu achava que não havia nada, apenas as ruínas. Mas não é isso. Há toda uma estrutura que torna muito viável visitar Machu Picchu com crianças. Apesar de dentro da cidade de Machu Picchu não ter nada, nem banheiro, na área externa tem ponto de apoio suficiente, e o visitante pode entrar e sair no mesmo dia quantas vezes precisar, basta para isso manter consigo o ticket de entrada e seu passaporte (ou documento). Desta forma, nós entramos, fizemos o tour e, quando os meninos precisaram usar o banheiro, saímos. Depois retornamos e continuamos explorando. Simples assim.
Bom, fechado o grupo para o tour com um guia, seguimos para a entrada. Basta apresentar os tickets e os passaportes. As crianças menores de 8 anos não pagam ingresso.
O tour tem duração de 2 horas, rodando por toda a cidade e passando pelos principais pontos, como o Templo do Sol, o Templo das 3 Ventanas, o Templo do Condor…
Machu Picchu fica a cerca de 2453 metros de altura. De Novembro a Março ocorre a estação mais chuvosa com nebulosidade; de Abril a Outubro, é um período mais seco. A temperatura é relativamente estável, com temperaturas entre 6 e 24 graus.
A cidade foi descoberta em 1902 por Agustín Lizárraga, durante as explorações em busca de terras agrícolas. No início do século 20, Hiram Bingham se interessou pela trilha inca e chegou até Machu Picchu em 1911. No ano seguinte, Bingham começou uma expedição acompanhado de especialistas em topografia, ciências naturais, escavações, entre outros, realizando investigações arqueológicas no local. Foi Bingham quem nomeou Machu Picchu de “a cidade perdida dos incas“. Machu Picchu, na língua quéchua, significa “velha montanha”.
Especula-se que Machu Picchu fosse um centro religioso, astronômico e uma hacienda do imperador Pachacútec, e não uma cidade propriamente dita, por isso sua população não “desapareceu”, pois nunca houve uma população que tenha realmente habitado o local. A maioria dos ossos encontrados na cidade era de mulheres que viviam no centro e participavam dos rituais religiosos e da vida amorosa do imperador inca.
Machu Picchu tem uma área de 100 mil m2 e é dividida em dois setores, o agrícola e o urbano. No agrícola, podemos ver os terraços onde eram plantados os diversos tipos de batatas, e também maiz, um milho típico dos Andes. É comum vermos llamas andando livremente nos terraços agrícolas. Acredita-se que os incas faziam experimentos agrícolas em Machu Picchu.
No setor urbano é onde encontramos os templos, as casas dos sacerdotes e o palácio do imperador inca. Há 172 construções em Machu Picchu. As paredes são feitas de pedras perfeitamente encaixadas sem qualquer tipo de massa entre elas. São, também, construídas inclinadas para fornecer mais estabilidade, mantendo um formato de trapézio e sendo resistentes aos terremotos.
A cidade também é dividida em Zona Alta, dedicada ao Sol e chamada Hunan; e a Zona Baixa, dedicada à Lua e chamada Hurin.
Na entrada da área urbana encontramos o portão principal que dava acesso à cidade.
O Templo do Sol é a única construção em formato redondo e suas janelas são alinhadas com o nascer do sol nos solstícios. Ali eram feitos os sacrifícios e oferendas ao deus sol.
A Casa del Inca ganha destaque no tour.
Na praça sagrada encontramos o Templo das 3 Ventanas, a Casa do Alto Sacerdote e o Templo Principal. Ainda foi possível observar o alinhamento do sol nas três ventanas (janelas), pois visitamos um dia depois do solstício de inverno. A vista do vale com as montanhas de picos nevados é linda nesse local.
No Observatório Astronômico, fica o grande Intiwatana, uma pedra que era, na verdade, um calendário astronômico que indicava os ciclos agrícolas.
Na extremidade oposta à entrada da cidade fica a passagem para Waynapicchu. Lembrando que para ter acesso à montanha é preciso um ingresso específico. A entrada é limitada a 400 visitantes por dia. A subida para Waynapicchu é um pouco mais íngreme e com precipícios, então não é recomendada para crianças pequenas.
Seguindo pela parte inferior da cidade, passamos pelas Três Portadas e temos uma boa vista do amplo pátio da cidade. Nesse pátio ocorriam apresentações e festividades cerimoniais, de forma que a acústica no local é impressionante. Se bater palma ali, dá para ouvir o eco reverberando em diversos outros locais.
Por fim, passamos pelo Templo do Condor, o local de oração aos mortos e onde ficavam as múmias dos imperadores incas.
Após as 2 horas rodando com a guia, nós aproveitamos para fazer um intervalo, usar o banheiro, fazer um lanche, antes de retornamos para o interior da cidade e enfrentarmos as escadas até o Recinto del Guardián, um casinha láááááá em cima que servia de vigilância. A subida é desgastante, mas é de onde se tem as melhores vistas de Machu Picchu e do vale. As fotos mais famosas quando ouvimos falar de Machu Picchu são tiradas daquele local.
Na subida, há uma pedra onde as pessoas fazem fila para uma tradicional foto de Machu Picchu.
Há outros lugares para conhecer como a Ponte Inca e algumas trilhas pela montanha de Machu Picchu, mas nós não nos aventuramos com as crianças.
Não encontramos muitas crianças visitando Machu Picchu, mas os meus filhos não eram os únicos lá. Vimos até crianças menores do que eles, vimos muitos idosos, vimos cadeirante. Não importa a idade, ou as dificuldades, Machu Picchu encanta a qualquer um.
Para quem vai com criança, mais uma vez, porque não custa recomendar sempre, é muito importante estar atento aos pequenos, mantendo-os sempre de mãos dadas. Quanto menor a criança, maior a atenção. As escadas são de pedras, o piso é desnivelado, não há corrimão e, em vários pontos, há precipícios sem qualquer proteção. Não é brincadeira! Vale a pena levar criança, sem dúvida. Os pequenos podem sim se divertir e aprender muito, realmente curtir. MAS não é lugar para brincar, correr, pular. Então, atenção redobrada sempre! E pode-se envolvê-los de outras formas, deixá-los tirar fotografias, dar um mapa para acompanharem, fazer pausas regulares para que se distraiam em lugares mais seguros… enfim, tornar essa viagem atraente e interessante para os pequenos também. Afinal, não existe destino específico para uma idade. Uma boa viagem quem fazemos somos nós!!!
– Como foi viajar pelo Peru com crianças
Na saída de Machu Picchu há uma mesa com carimbos para deixar a marca da sua visita no seu passaporte.
Por volta das 13h, nós pegamos o ônibus de volta para Aguas Calientes. Nesse horário já havia uma fila considerável para retornar, por isso é importante controlar bem o tempo para não correr risco de perder o trem de retorno para Cusco.
Aguas Calientes durante o dia já era bem mais movimentada, entretanto chama a atenção como tudo é muito caro quando comparado a outras cidades. Aproveitamos para almoçar, pegamos nossa mochila que havíamos deixado no hotel (é comum os hotéis guardarem a bagagem dos hóspedes sem cobrar qualquer taxa extra) e nos dirigimos ao terminal de embarque da Perurail, que fica numa rua acima de onde o trem para no desembarque (não é no mesmo lugar).
Nosso trem saía às 15:00 e tínhamos que estar na estação uns 30 minutos antes. Compramos a volta direto para Poroy, perto de Cusco, o que aconselho. Como viajamos de dia e o tempo de deslocamento era bem maior do que foi a ida (de Ollantaytambo), fomos em uma categoria melhor que o Expedition, o Vistadome, que tem mesa entre as poltronas e grandes janelas para aproveitar a paisagem. O Vistadome oferece uma refeição e bebida.
Chegamos a Cusco de noite e pegamos um táxi na frente da estação para a Plaza de Armas. Estávamos exaustos, mas como uma sensação de que as energias estavam recarregadas. Foi o fim da nossa viagem, no dia seguinte pegaríamos o voo para Lima. Sem dúvida, amamos o Peru e recomendamos essa viagem para todos, com ou sem criança.
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